O Sambódromo de Manaus foi palco de uma das noites mais vibrantes da cultura popular amazonense. No último sábado (26/07), a segunda noite da categoria Ouro do 67º Festival Folclórico do Amazonas marcou o encerramento das apresentações competitivas dos bois-bumbás Garanhão, Corre-Campo e Brilhante, em um espetáculo que uniu arte, ancestralidade, resistência e emoção.
Com milhares de espectadores e torcedores apaixonados, os três bois levaram à arena não apenas enredos, mas verdadeiras declarações de identidade cultural. O evento é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e já se consolida como uma das maiores expressões artísticas da região.
Garanhão: um legado vivo no coração da arena
Estreando na presidência, João Paulo conduziu o boi Garanhão com o tema “Legados: o futuro é ancestral”, uma homenagem às raízes indígenas, africanas, nordestinas e ao próprio boi-bumbá. A emoção foi visível entre os integrantes, como a Rainha do Folclore Kaynara Mota, que estreou no item com entusiasmo e brilho nos olhos. Para o apresentador Arlindo Neto, filho de um dos fundadores do boi, a noite teve peso histórico: “Estar aqui é dar continuidade a um legado familiar e cultural.”
Corre-Campo: a força da tradição amazônica
Com sete títulos consecutivos e olhos no oitavo, o boi Corre-Campo, da Cidade Nova, trouxe à arena o tema “Amazonidade”, reforçando o orgulho de ser da floresta. A apresentação robusta e impactante foi conduzida pelo novo amo, Gabriel Tavares, que assumiu o posto com reverência à história de Prince, uma das vozes mais marcantes do festival. A rainha Jennifer Santos destacou a garra e união da equipe: “A cada ano é uma entrega intensa de amor e dedicação.”
Brilhante: resistência e renascimento no compasso da cultura
Encerrando a noite, o boi Brilhante emocionou o público com o enredo “Terra-Folclore”, que entrelaçou o sagrado e o popular como forma de resistência. Em processo de reconstrução, o boi do bairro Compensa celebrou não só a apresentação, mas a superação. A presidente Djanne Senna resumiu: “Esse espetáculo é fruto de luta coletiva e amor pela cultura.” Já o apresentador Ornello Reis, em seu retorno após vencer o câncer, protagonizou um dos momentos mais comoventes do festival: “Voltar ao Festival é renascer com ele.”
O clima de festa agora dá lugar à ansiedade. A apuração que definirá o grande campeão acontece nesta segunda-feira (28/07), às 15h, no auditório Gabriel Gentil, no Centro Cultural Povos da Amazônia, localizado na avenida Silves, zona sul de Manaus.
Independentemente do resultado, o que ficou marcado foi a força do povo, da cultura popular e do boi-bumbá como patrimônio vivo da alma amazônica.