Informações de um banco de dados confidencial das Forças Armadas de Israel revelam que apenas 17% das pessoas mortas na Faixa de Gaza até maio deste ano foram identificadas como integrantes de grupos armados. Os demais 83%, aproximadamente 42 mil pessoas, eram civis.
Segundo a apuração, publicada pelo jornal The Guardian, a inteligência israelense reconheceu a morte de 8.900 combatentes, todos vinculados ao Hamas ou à Jihad Islâmica, organizações consideradas terroristas por Israel e que atuam na região. Na mesma época, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, já havia contabilizado cerca de 53 mil mortes desde o início do conflito.
A proporção de civis mortos é considerada extremamente alta. “Essa taxa de civis entre os mortos é excepcional, especialmente considerando a duração do conflito”, afirmou Therése Pettersson, pesquisadora do Programa de Dados de Conflitos de Uppsala, que monitora mortes em guerras ao redor do mundo.
De acordo com os registros do programa sueco, apenas três eventos nas últimas três décadas superaram a proporção atual de civis mortos em Gaza: o genocídio de Ruanda (1994), o cerco russo a Mariupol, na Ucrânia (2022), e o massacre de Srebrenica, durante a guerra da Bósnia (1992–1995).
Até a última atualização da reportagem, o governo israelense não havia comentado os dados revelados.
A Organização das Nações Unidas (ONU), que audita os dados do Ministério da Saúde de Gaza, também reconhece que a maioria das vítimas no território palestino são civis, entre eles, muitas mulheres e crianças.
O conflito atual teve início após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, segundo um levantamento da agência AFP com base em números oficiais. Em resposta, a ofensiva militar de Israel provocou a morte de mais de 61.500 palestinos, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
Foto: Leo Correa/AP