Em artigo publicado nesta terça-feira (23), o vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, fez duras críticas à forma como o Sistema Único de Saúde (SUS) é aplicado no estado e cobrou maior atenção do governo federal às particularidades da região amazônica. O texto foi publicado no site Poder360, um dos principais veículos especializados em política nacional.
Tadeu afirma que o modelo atual do SUS está esgotado no Amazonas. Segundo ele, a centralização dos serviços em Manaus, a falta de infraestrutura no interior e a ausência de políticas específicas para as realidades locais tornam o sistema ineficaz para atender à população de forma justa e digna. “É o Ministério da Saúde quem tem a responsabilidade de reconhecer que a floresta também é Brasil, e que saúde aqui custa mais, demora mais e precisa de mais. O povo do Amazonas tem sido resiliente por tempo demais. Mas essa paciência chegou ao limite”, declarou.
Interior sem estrutura e profissionais
No artigo, Tadeu de Souza defende a criação de polos de saúde regionais em municípios estratégicos como Parintins, Tefé, Tabatinga e Itacoatiara, com capacidade real de oferecer exames, cirurgias e atendimentos de emergência. Ele criticou o deslocamento forçado de pacientes para Manaus, inclusive para procedimentos simples, como exames laboratoriais.
Além da infraestrutura, o vice-governador alertou para a escassez crítica de médicos no interior do estado. Ele comparou os dados com outras regiões do país: enquanto São Paulo ou Brasília têm cerca de 6 médicos por mil habitantes, o interior amazonense conta com apenas 0,2. “Muitos vêm apenas para cumprir contratos temporários e vão embora. Isso rompe vínculos, desorganiza equipes e enfraquece a atenção primária. Defendemos um programa nacional com carreira estruturada, progressão, bônus por interiorização e condições dignas de trabalho”, apontou.
Outro ponto de destaque no texto é a cobrança por avanços nas políticas de telessaúde. Tadeu argumenta que a tecnologia pode ser uma aliada poderosa da saúde na Amazônia, mas só será efetiva se houver internet de alta qualidade.
Ele citou a importância do projeto Infovias, que promete levar fibra ótica a comunidades remotas, como elemento crucial para implementar soluções modernas como laudos à distância, prontuários eletrônicos e telemedicina. “Um SUS comprometido com a universalidade não pode tratar como exceção o que é regra para milhões de pessoas. Nenhuma dessas mudanças será possível sem a presença e o compromisso do governo federal”, finalizou.
Foto: Ricardo Machado / Secretaria-Geral da Vice-Governadoria