A Venezuela adotou, de forma unilateral e sem aviso prévio, novas tarifas sobre produtos brasileiros, descumprindo acordos comerciais firmados no âmbito do Mercosul. As alíquotas variam entre 15% e 77%, atingindo inclusive mercadorias que, por norma, deveriam ter isenção tarifária.
A medida acendeu um alerta no estado de Roraima, que mantém forte dependência comercial do país vizinho. Somente no primeiro semestre de 2025, o volume de exportações roraimenses para a Venezuela ultrapassou US$ 41,5 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O país responde por mais de 70% do total exportado pelo estado.
Em nota oficial, o governo de Roraima, liderado pelo governador Antonio Denarium (PP), afirmou estar em contato com o Itamaraty e outros órgãos federais para buscar uma solução diplomática. “Qualquer medida que encareça os produtos brasileiros no mercado venezuelano afeta significativamente a competitividade das nossas mercadorias”, destacou o comunicado.
Até o momento, não está claro se a cobrança indevida decorre de um erro administrativo ou de uma decisão política por parte do governo de Nicolás Maduro. O MDIC confirmou ter recebido denúncias de exportadores sobre a rejeição de certificados de origem — documentos que garantem a isenção das tarifas com base no Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), firmado entre Brasil e Venezuela por meio da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI).
A Embaixada do Brasil em Caracas já foi acionada e mantém contato com autoridades venezuelanas para esclarecimentos. A expectativa é que o problema seja resolvido o quanto antes, para evitar prejuízos maiores ao comércio bilateral.
A taxação repentina ameaça diversos setores da economia de Roraima, especialmente o agronegócio e pequenas indústrias que dependem da exportação para o país vizinho. Empresários temem queda nas vendas, perdas de contratos e aumento de custos operacionais.
Em um momento de recuperação econômica, medidas que restringem o comércio internacional preocupam autoridades e empresários, que cobram uma resposta firme e diplomática do governo brasileiro.
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